quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Não tenho dinheiro para te pagar. Sou anti-moeda. Não ligo a essas coisas.
Prefiro andar a pé que pagar bilhete, ter a minha horta com o poço e não comprar comida.
Aprendi medicina nos livros da biblioteca e especializei-me em chás que resultam melhor que qualquer medicamento de um laboratório qualquer.
Sou anti-moeda.
A roupa faço-a eu, os chapéus os sapatos os pijamas e até cachecóis e luvas. No inverno passado fiz um chapéu de chuva de ráfia. Leve, nada irritante, era diferente e não magoava ou irritava as pessoas nos passeios. Era mesmo o meu chapéu de ráfia para a chuva.
Telefonar está fora de questão. De quando em vez grito ou aproveito e monto-me na bicicleta feita com restos de alumínio que encontrei numa garagem de um senhor que se diverte a criar marquises diferentes. Um sonho. Gostava de ter uma marquise daquelas, mas sou anti-moeda e não tenho casa. Vivo na rua, numa habitação feita por mim com barro do Barreiro, argila do Meco e madeiras abandonadas como os animais das cidades.
Hoje fui ao banco. Nunca tinha sentido, visto, nunca tive a noção do que é "ir ao banco". Não gostei, tive que esperar, o dinheiro não se vê e as pessoas esbracejam e os empregados dizem que um tal de "sistema informático está em baixo". Não estive lá mais de cinco minutos e já foi demais.
Sou anti-moeda.
Resolvi correr, fazer exercício, comi uma sopa, um pão com passas da horta que tanto estimo. Deitei-me, olhei para o aquário que montei, cheio de peixarada do Rio Tejo, Taínhas, Douradas, um mundo salvo da parafernália do lodo. Olhei, olhei, e quando acordei tinha o comando da TV na mão e o BabyTV a embalar-me...
Sonhar é paz, mesmo que de guerra seja, é evoluir, criar no imaginário. Sonhar e ter a sorte de me lembrar...

1 Comments:

Blogger joe.disco said...

Provavelmente o único comment sério q alg vez te deixarei aki: estás a escrever cada vez melhor. Parabéns.

9:45 da tarde  

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