quinta-feira, junho 14, 2007

Um braço caiu-me, não me verguei.
Olhei para ele duas ou três vezes.
Disse volta.

Não me ligou.

Fez figas, virou-me a palma da mão e galgou,
palmou terreno.
Desapareceu no horizonte deixando mãozadas na areia.

Miserável.

Dei ordens ao braço que me restava.
Vai, busca o teu semelhante. Trá-lo de volta.

Fiquei desmembrado tempo de mais.
Traído. Vitima cúmplice de coisas minhas.

Encontrei-os mais tarde.
Numa loja de luvas.
De mão dada.
Deram-me um abraço, cada braço.
Pedi-lhes que voltassem. Não impedia a relação.
Apoiaram os cotovelos sobre a mesa.
Os dedos gordos giravam entre si enquanto os outros se cruzaram.

Fui enganado, morto ali.
Estrangulado pelos meus braços.
Braços que tinham ordens.
Ordens sintéticas.
Fui estrangulado por imposições estéticas.

Fui estrangulado por mim?
Os meus braços, mãos minhas em pescoço meu.
Suicídio?

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

eutanásia

11:01 da manhã  

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