sexta-feira, março 30, 2007


No metro olhava para o homem do karaté.. Ia sentado com umas sandálias de cortiça. As fivelas eram de pano, russas do uso, dos pontapés e do cão, companheiro que não o acompanhava.
O homem era bem constituído, tinha quase quarenta anos se não os tinha já ou mais. O desporto dá uma nova cara ao envelhecimento.
Na solidão da musica que me acompanhava, virei o olhar mais a sul. Uma mulher idosa, com os seus sessenta folheava uma revista de lingerie. Mulheres novas, bonitas, o oposto. Ela gostava. Parava em cada folha. Penso que pensava no passado, no seu corpo firme que agora é somente o seu corpo. Nada mais. A sua beleza é agora vitima de outro processo de apreciação.
Olhei em frente. O meu reflexo na porta. Eu ali sozinho comigo afinal.
Em casa a minha filha. O meu reflexo, carne e osso. Reflexo vivo de um pouco de mim, tudo de mim e de outros.

São muitos os motivos, as inquietações de viver.
Amor ao filho é a racionalidade no seu expoente máximo.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Amor ao filho é :

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não tenho palavras para descrever
mas não é racional
é incondicional

4:17 da tarde  
Blogger Dinis Lapa said...

vi essa cena do duchamp há uns dias atrás no Museum of modern art em ny :)

12:28 da manhã  

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