quinta-feira, fevereiro 18, 2010






















Amadeo de Souza-Cardoso




A cor das coisas. Das coisas com vida, e de coisas que não são mais que um triste e amarelo sorriso. Hoje tenho roxas as mãos, neste cinzento inverno que teima em encharcar a castanha lama que me suja e me camufla as peugadas negras na prateada calçada.

O azul do céu está tímido, encoberto e disfarçado de nuvens de cores frias. Lá longe, o verde da serra diz-nos que chove, que a água incolor, pura, continua o ciclo da vida, como o nosso sangue, esse mar vermelho que transporta a vida em toda a nossa matéria.

Nós continuamos, de olhos verdes, castanhos, claros ou misturados, com vários tons de pele e cabelos acobreados ou louros. A cor das coisas, é um sinal, um aviso, um caminho, um conselho.

Cegos são os que se privam de ver, e não os que estão privados de. A vontade é liberdade.

E hoje, dizem-me, que estou com boa cor.

A opinião é isso mesmo, a livre ideia de criar cores.